quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Marujos de quatro patas




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Franco (e) com Lhama e Maria Augusta (d) com Faísca: companheiros até em alto mar
Foto: Laura Cortizo/Especial para o NE10


Faísca e Lhama não falam, não dão nó de marinheiro nem mexem nas velas. Mas são peças da engrenagem de seus barcos, respectivamente Guruçá e Wa Wa Too. Como? Fazendo companhia, divertindo seus donos, principalmente nos maiores momentos de solidão na imensidão do oceano. Faísca é um miniatura pinscher e Lhama um west highland white terrier. Ambos devidamente reconhecidos por seus donos como bons marujos e com presença mais que confirmada na XXIII edição da Regata Recife Noronha.

Faísca tem apenas dez meses, nove deles passados a bordo do Guruçá, ao mesmo tempo meio de transporte e residência do casal Maria Augusta Fernandes, 30 anos; e Fausto Pigmaton, 58. A dupla capixaba já tem experiência com cães na embarcação. Um animal da mesma raça, Sansão, era o companheiro anterior, mas não se adaptou à vida no mar como o atual "dono" de casa.

A história de amor com o casal começou quando Sansão abriu mão da vida marinha. Maria Augusta prometera a si mesma não criar mais cachorros no catamarã. Mas uma atracagem em Salvador mudaria sua opinião. "Vi um pinscher com uma mulher e perguntei onde ela comprou. Ele tinha um mês e cabia na palma da minha mão", lembrou.

Diferente do antecessor, Faísca adaptou-se perfeitamente bem a uma vida completamente diferente aos da sua espécie. Como todo mundo, enjoa no primeiro dia de viagem, mas depois se acostuma com o balanço. "Fazemos soro caseiro e damos a ele numa seringa." O comportamento dele é o que mais chama a atenção pela docilidade. Se um dos donos estiver no barco e chegar um estranho ele não solta um latido, olha bastante, cheira mais ainda e, se receber algum gesto amistoso, pula no colo.

Mas se ficar sozinho tomando conta da casa a coisa muda de figura. "Uma vez a filha de Fausto entrou no barco quando o guardião estava sozinho. "Ele foi direto na canela dela", conta a dona.

O maior problema foi o mesmo que acomete qualquer cachorrinho na nova casa: os lugares para fazer suas necessidades. "No começo ele fazia em qualquer lugar. Depois de um tempo conseguimos educar e agora ele só usa o local dele, que é do lado de fora".

O cuidado com um animal desta espécie é o mesmo de qualquer outro. Vacinação em dia. "Tenho o cartão dele guardado e está tudo em dia". A comida tem algumas adaptações, pois nem sempre é possível encontrar a ração correta. A dieta de Faísca inclui verduras, legumes, carne e até bife de fígado, sempre misturado com a ração.

E os perigos? Muito poucos se tomados os devidos cuidados. Como ele costuma latir para qualquer golfinho, baleia ou peixe que venha à superfície, é sempre bom deixá-lo amarrado durante as viagens. "Se soltar ele pula. Deixamos amarrado mas com muita corda para ele se movimentar.

LIVRE - Lhama, ao contrário, vive solta no Wa Wa Too. Nascida a bordo da embarcalção, a Terrier não se empolga com os "vizinhos" - seu dono, Franco Sonegheti, também tem o mar como lar. Ela tem dois anos e o dono faz questão de lembrar o dia em que a companheira veio ao mundo. "Ela nasceu  no dia de Iemanjá, dois de fevereiro". Durante um tempo, o comandante teve a companhia de mãe e filha. "A mãe dela se chamava Lince".

Assim como Faísca, Lhama também chama a atenção pela docilidade. "Ela só late quando vê golfinhos, peixes ou outro barco por perto, mas não avança em ninguém". Tanto é verdade, que ela anda sem coleira ao lado do dono sem incomodar.

O tempo mais longo sobre a água já a deixa bastante acostumada. Não enjoa e não tem problemas para comer. "Ela come de tudo: peixe, carne e ração", lembra Franco. O cuidado especial precisa ser tomado com o pelo. Quando em terra, Lhama vai ao pet shop para a tosa higiênica e, claro, as vacinas.

E foi justamente num pet shop que o dono viu como a vida marinha faz bem à sua companheira. "Levei ela num pet shop em Porto Alegre e disseram que nunca haviam visto um cachorro da raça dela com um pelo tão bonito".

CIÚME -
 Depois de tanto carinho e elogios, Franco e Maria Augusta são questionados sobre qual a melhor companhia para a realidade deles: canis lupus familiaris ou homo sapiens? Cada qual responde de acordo com sua realidade. Franco tem apenas o barco, o céu acima, o mar abaixo e Lhama ao lado. Por isso, não titubeia: sua cadelinha ganha a parada. "Não reclama de nada e me diverte. Quando ela tiver filhotes vou ficar com todos. Não vendo nenhum", garante.

Fonte: ne10.uol.com.br
Blog do Johnnyon

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