segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Morador de rua divide colchão em barraca com sete cachorros e um gato





Nem a forte bronquite nem a falta de ar e muito menos o calorão do verão fazem o morador de rua Rogério Benedito Moreira, de 49 anos, desistir de viver com seus sete cachorros e “um gato” como ele mesmo diz. Dentro de uma carrocinha, na região do Jabaquara, zona sul de São Paulo, ele passa dias e noites junto dos bichos, com quem divide até mesmo o único colchão.

Foi há 30 anos que Moreira trocou o convívio com sua família - já que seu pai “era um cachaceiro louco”– para viver com os animais. O lema de vida dele está estampado na fachada de sua barraca: “quanto mais conheço os homens, mais gosto dos animais”.

Veja fotos do morador e seus cachorros

- Hoje, as pessoas são seus amigos; amanhã, acabam com você. Sempre gostei de cachorros e, desde que fui para as ruas, eles começaram a me seguir. Já tive 30, há pouco tempo estava com 11, mas muitos foram morrendo, outros foram levados pela carrocinha.

Apesar dos bons anos que a bicharada segue Moreira, nem sempre eles tiveram uma “casa” para viverem juntos.

- Quando eu trabalhei num ferro velho, fui juntando as peças e consegui montar a carroça. Mas antes, dormíamos todos juntos na calçada mesmo. Nunca ninguém foi embora, teve só um que sumiu por uns três meses, mas voltou. Ficamos sempre juntos, só no verão não dá para dormir lá dentro não. É muito quente. Não aguento, não.

Falsa proteção
Diferente de muita gente que mantêm cachorros em casa para ajudar na proteção da família, Moreira conta que não está protegido das “maldades” das ruas.

- À noite tem muito movimento de drogados. Então, eu costumo dormir de dia. Além disso, muitas pessoas vêm em cima de mim porque não gostam deles na rua. Uma vez, colocaram fogo na nossa barraca. Tem uns dois anos isso. 
Apesar do problema, ele conta que não perdeu a fé e, por isso, fez “até promessa” para conseguir dinheiro para recuperar a carroça.

- Fui andando de São Paulo a Aparecida [180 km] e levei a carroça com todos os meus cachorros. Demorei sete dias para ir. Mas não foi só essa vez que viajei com eles não. Já fui para a Praia Grande [litoral sul de SP – 71km] com todos eles também. Na volta, um carro do DSV [Departamento de Operação do Sistema Viário] nos ajudou a subir até a subida da serra [risos].

Nada falta
Apesar de viver nas ruas e não ter trabalho fixo, os bichos de Moreira não ficam sem comer nem sem banho. Segundo ele, não faltam doações de açougueiros, de vizinhos e de pessoas que ficam sabendo de sua história.

Enquanto a reportagem do R7 conversava com o morador, um rapaz, que leu sobre a situação do morador em um e-mail - desses de corrente que circulam na internet -, apareceu com um saco de ração para ajudá-lo.

Com essas e outras, Moreira consegue sobreviver, cuidar de seus bichos e ainda sobram R$ 2 durante a semana, que ele usa para pagar uma lojinha onde carrega seu celular. Indispensável.

cachorro

Morador de rua divide barraca com bichos e sua preferência está estampada na fachada da carroça (Foto: Daia Oliver/R7)
Fonte: R7


@NaoInviabilize informou no Twitter que esse Rogério já teve vários cachorros e que teve problemas anteriores por causa disso, chegou a ficar sem nenhum cachorro. Veja essa matéria de agosto do ano passado:



Rogério - resgate de um ser humano que não deu certo...‏


clique na imagem para ampliar


Amigos,
É com muita tristeza e sensação de impotência que transmitimos esse e-mail para comunicar que infelizmente o resgate do Rogério não deu certo...
Peço desculpas, com coração partido e envergonhada por ter envolvido tantas pessoas que ajudaram o Rogério acreditando na Abeac.
Segue abaixo texto redigido pela Priscila explicando o que aconteceu.
Marli Scaramella
www.abeac.org.br
http://abeacspblogspot.com/


“A todas as pessoas que por bondade e amor aos animais e esperança por um mundo melhor doaram: seu tempo, sua dedicação, seus pertences (roupas, objetos, utensílios, entre outros), seu dinheiro.”
É com muito respeito que agradeço a todos por sua dedicação em ajudar a esta causa que nós abraçamos com amor e esperança que foi a do Rogério.
Nós realmente acreditávamos na pessoa deste moço que demonstrou seu imenso amor pelos seus cães, todos saudáveis e muito dóceis.
Presenciei como também já conversei com muitas pessoas que também presenciaram atitudes de amor e sacrifício em prol dos cães.
Entretanto, queremos comunicar que o nosso trabalho que partiu de mim, Priscila, de amigos como Marcelo, Daniela, Totó, Fernando e que nos levou a Marli (ABEAC) pessoa que abriu seu coração e as portas da Associação por esta causa, todos amantes dos nossos amigos peludos e dispostos a mudar mesmo que um pouco este cenário de sofrimento que convivemos e vemos todos os dias pelas ruas e pelas calçadas, infelizmente não teve um final feliz e tão esperado por todos que de alguma forma se envolveram nesta causa.
Dia 26/07/2010 – Levamos os cães do Rogério às pressas para a ABEAC pelo risco eminente de vida do Rogério e seus cães que inclusive, uma semana antes sofreu a perda do Trovão um de seus cães esfaqueado na carroça.
Dia 02/08/2010 – Levamos o Rogério para a ABEAC, sendo que a semana que antecedeu esta data, ele dormiu todos os dias em hotel. No mesmo dia ele iniciou suas atividades na ABEAC e se uniu aos seus 10 cães.
Dia 07/08/2010 – Fizemos a mudança do Rogério para a ABEAC, foram levados na mudança: Mobílias, eletrodomésticos e eletrônicos, utensílios de cozinha, cama, colchão, a Carroça coberta, mantimentos, roupas, pertences pessoais, entre outros. Fizemos uma força tarefa e ficamos lá todo o dia limpando e montando toda a sua nova residência.
Dia 15/08/2010 – Retorno do Rogério às ruas de São Paulo, juntamente com a sua carroça e pertences.
Devido problemas de alcoolismo o Rogério passou a semana consumindo álcool nos horários de almoço, depois soubemos que até chegou a trocar algumas doações por bebida e no dia 14/08/2010 sábado ele foi ao bar após o expediente e bebeu mais uma vez arrumando briga com os morados da região, usando xingamentos e demonstrando total descontrole emocional, os rapazes iam dar uma surra nele, mas por sorte o encarregado da ABEAC, desconfiado, foi atrás dele no bar e intercedeu, caso contrário o Rogério poderia estar no hospital uma hora destas, então o Danilo (encarregado) mandou que ele voltasse para casa, ele foi e voltou novamente para o bar pra tirar mais satisfação, foi quando ele começou a ameaçar à todos e empurrar o encarregado que tentava acalmá-lo, neste momento os rapazes estavam em frente a ABEAC querendo ainda bater no Rogério que provocava ainda mais e começou a ameaçar à todos.
Como na ABEAC moram duas famílias com crianças pequenas, não foi permitido que ele retornasse para lá e também devido colocar em risco a segurança de todos os mais de 300 cães que vivem na Associação.
Não seria possível trazer tamanha inimizade e raiva dos moradores locais para dentro dos portões.
O Rogério é alcoólatra, porém sempre bebeu a noite então sempre que íamos vê-lo ele não estava mais sob efeito, uma única vez em mais de 1 ano eu presenciei ele alcoolizado.
Agora nós entendemos porque realmente ele apanhava tanto na rua, porque ele era atropelado, porque era ameaçado de morte, levando nos últimos meses um de seus cães a ser esfaqueado e sobreviver e outro que pelo mesmo motivo não resistiu e morreu.
Ele implorava ajuda nos últimos tempos, pedia para arrumar um emprego pra ele, qualquer oportunidade de sair de lá mesmo sem salário, pediu para tirar seus cães de lá que a vida dele não importava mais, ele pediu ajuda, então eu pensei, ele quer ser ajudado, então agora fica mais fácil tirá-lo finalmente desta condição.
Acreditamos que agora havia acendido nele uma vontade verdadeira de sair das ruas e mudar o curso da sua vida.
Mas o vício o álcool e sua vivência de mais de 40 anos nas ruas foi mais forte do que imaginávamos e realmente gostaríamos.
Com tudo isto nós escolhemos a segurança dos nossos amigos cães, que possuem este amor incondicional que não enxerga cor, credo, riqueza ou pobreza, eles simplesmente estão lá com os seus rabos abanando pedindo para serem amados e para amar incondicionalmente, trocam um prato de comida por carinho e comem com voracidade quando estão ao lado de quem amam.
E sabendo de tudo isto também é que decidimos juntamente com a Marli que os cães permanecerão na associação, pois não precisam sofrer as conseqüências de atitudes irracionais que o homem ainda hoje teima em ter.

Pedimos às pessoas que fizeram doações para o Rogério através da Abeac, que por favor dêem sua opinião sobre o que acham que deve ser feito com as doações:1º Devolvidas aos seus proprietário (para os utensílios grandes),
2º Revertido em benefício dos cães ou
3º Entregues ao Rogério.

Priscilapriscilatiyomi@uol.com.br
Leia mais informações sobre o caso Rogério no Boletim Abeac de agosto de 2010.

Blog do Johnnyon

Nenhum comentário:

Postar um comentário