terça-feira, 26 de julho de 2011

Gansos ocupam lugar dos cães no presídio de Jaraguá do Sul (SC)





Nada de cães com raças que metem medo e afastam até mesmo os mais corajosos. A moda agora é a aquisição de gansos para serem usados como alarme antifuga. A prática é adotada há um ano em Jaraguá do Sul, usada também na penitenciária São Pedro de Alcântara, na Capital. A ideia de trocar cães pela ave agitada e escandalosa surgiu logo na inauguração da nova ala feminina da unidade prisional de Jaraguá do Sul.
Segundo o diretor, Cleverson Henrique Drechsler, um canil que abrigaria cachorros como forma de coibir possíveis fugas foi construído no local. Seguindo o exemplo de Florianópolis, o diretor resolveu utilizar seis gansos. “É uma barulhada sem fim. Qualquer movimento, o bando já faz tumulto e alerta quem está de prontidão no sistema de segurança”, comenta.
As aves são tratadas com milho e sobras de verduras da alimentação carcerária. Dão menos despesa que o cachorro, adoecem menos e tem instinto “territorialista”, ou seja, ninguém invade seu espaço. Outro motivo seria a afetividade entre o cão e o dono. Como geralmente o canil é virado paras as celas, se tornam amigos dos detentos. Já os gansos não se comovem com o tratamento que recebem dos presos e estão sempre prontos para cumprir a missão de dedurar. 
Situação já foi pior, diz diretor
No fim de 2009, uma rebelião histórica foi presenciada no presídio de Jaraguá do Sul. Um dos principais motivos seria a superlotação pois, na época, a unidade contava com 330 detentos. A capacidade é para 168 vagas. Hoje, a situação não é a ideal, mas já foi considerada muito pior. O presídio reúne atualmente 313 detentos. Desses, 150 são condenados e, na teoria, deveriam estar em penitenciárias. “Houve época em que chegou a aglomerar 360 presos. Agora fizemos transferência quase toda a semana para tentar controlar a situação”, afirma o diretor.
Outra medida que ameniza as tentativas de rebeliões e fugas são os trabalhos desenvolvidos na unidade. Cerca de 220 presos realizam algum tipo de atividade. A meta do diretor é colocar 100% da massa carcerária no trabalho.
Hoje, o presídio conta com atividades em casas pré-fabricadas, na confecção de acessórios instrumental musical, auxílio em embalagens para produtos plásticos, entre outros trabalhos. Tudo com o apoio de sete empresas conveniadas. A mão-de-obra vai aumentar nos próximos dias, através do acréscimo do convênio com a Prefeitura. São mais 60 internos que trabalharão na construção de lajotas, meio-fio e casas pré-moldadas.  
Toda a atividade é remunerada. O dinheiro é guardado no setor de pecúlio do presídio e utilizado pelo preso em caso de necessidade. Boa parte do salário é encaminhada para a família. A pena também é reduzida.
Mais rigor nas visitas
O sistema de segurança também é reforçado nas visitas semanais. Desde o ano passado, o presídio segue à risca as novas regras que padronizam o sistema penitenciário catarinense, através da normativa 001/2010. São 23 itens que estipulam regras padronizadas em todo o Estado.
Em Jaraguá do Sul, as famílias passam primeiramente pela “casa de revista”, uma estrutura construída próximo ao portão de entrada, uma iniciativa do diretor do presídio, Cleverson Henrique Drechsler. Mulheres e homens são separados e passam pela revista. Quem quer levar uma comida diferente ao detento, precisa seguir a lista de 15 itens anexados na portaria. Todos os alimentos e material de limpeza passam por uma rigorosa revista para evitar a entrada de drogas e armas. E ainda assim tem gente que arrisca. Esse ano, uma mulher foi flagrada tentando levar maconha ao filho. Na mesma semana, a esposa de um detento também tentou levar droga para dentro do presídio. Ambas permanecem detidas por tráfico de droga. O crime ainda sofre um agravante, uma vez que a o flagrante ocorreu dentro de uma unidade prisional. No início de 2011, um visitante tentou entrar com 250 pedras de crack dentro de um pacote de açúcar. A revista coibiu a entrada da droga.
As visitas ocorrem nas quartas e quintas-feiras, das 8h às 17h. Os nomes são cadastrados e só podem entrar duas pessoas por detento.  Os visitantes se restringem a pai, mãe e esposa. Crianças podem entrar somente com autorização do judiciário.
Blog do Johnnyon

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