segunda-feira, 20 de junho de 2011

Síndrome canina pode provocar perda da visão



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Vólia Castelar com seu Akita inu, Kiodai. Há um ano, o cão está cego em decorrência de uma dermatite autoimune. Antes da doença, ele participou de exposição, chegando a ter o título de Jovem Campeão
FOTO: JOSÉ LEOMAR
 










Fortaleza Uma dermatite autoimune que pode levar o cão à perda total da visão. Assim é a Síndrome Úveo Dermatológica (SUD), doença que entre os humanos é conhecida como Síndrome Vogt-Koyanagi-Harada. É comum entre animais das raças Akita, Chow-Chow, Rusk Siberiano e Samoieda. Como em Fortaleza há poucos criadores destas raças, a doença ainda é de baixa incidência. Entretanto, vitimou o cão Kiodai, da raça Akita inu, da fotógrafa Vólia Andriella de Melo Castelar. Há cerca de um ano, os primeiros sintomas começaram a se manifestar e, em apenas dois meses, aproximadamente, o animal já teve a visão perdida totalmente.

Kiodai está com quatro anos de idade e, graças à posse responsável de sua tutora, leva uma vida com bem-estar. Vólia adota todos os procedimentos possíveis para que o animal tenha uma rotina diária dentro da normalidade, mesmo sem enxergar. Acompanhado da tutora, ele caminha todos os dias no quarteirão em volta de casa, tem alimentação de qualidade e acompanhamento veterinário constante. No entanto, passará o resto da vida à base de corticoides, em comprimidos e colírio aplicado nos olhos dez vezes ao longo do dia. "Ele já está tão acostumado que, quando coloco a gotinha em um olho, ele já vira a cabeça oferecendo o outro olho", conta Vólia Castelar.

Estas são as medidas para assegurar o controle da síndrome. Caso contrário, o cão teria dores insuportáveis e inflamação nos olhos, bem como retorno de possíveis dermatites na pele. "Em nenhum momento, penso em sacrificar o Kiodai, como outros proprietários poderiam fazer. Acho uma desumanidade. O cão não é um brinquedo, é um amor que, a partir do momento em que decidi criá-lo, sei que é para o resto de sua vida", afirma Vólia.

A síndrome tem possíveis causas genéticas, segundo a médica veterinária, Gabriella Queiroga, do Serviço de Oftalmologia do Centro de Cuidado Animal Dra. Andrea Melo. Ela acompanha o caso de Kiodai e adverte a todos os tutores que, uma vez diagnosticada a doença, o animal não deve ser colocado para reprodução.

Tão logo soube do diagnóstico, Vólia comunicou ao Cherokee Brazuka´s Kennel, de Extrema (MG), de onde o animal foi adquirido. Ela solicitou ao canil informações sobre se outros animais da mesma ninhada de Kiodai também apresentaram a doença. Entretanto, até hoje, não obteve resposta. Por email, ela ficou sabendo que outro criador de Fortaleza, de uma cadela da mesma raça, originária de outra ninhada do Cherokee, estava também apresentando problemas nos olhos.

O proprietário do canil, Wainer Corrêa de Souza, disse que tão logo soube do caso de Kiodai, retirou os pais do animal da reprodução. Segundo ele, foi proposto à criadora uma troca de cão, o que não foi aceita por ela. Esta proposta, entretanto, não é confirmada por Vólia. Wainer disse também que cria Akitas há 11 anos, já originou mais de 100 filhotes da raça e a ocorrência da síndrome com o cão em Fortaleza foi "a primeira e única" entre os cães do Cherokee Kennel.

Tecidos destruídosConforme explica a veterinária Gabriella Queiroga, esta dermatite autoimune canina acomete não apenas a pele do animal, mas também estruturas dos olhos. "Acontece uma destruição imunomediada da melanina ou dos tecidos com melanina, podendo até ocorrer um deslocamento da retina", afirma - essa destruição dá-se através das células de defesa do organismo, daí ser autoimune; e com o deslocamento da retina, há a perda total a visão.

Os primeiros sintomas são os sinais de uveíte - inflamação intraocular, acompanhada de fotofobia e baixa acuidade visual. O animal passa a enxergar menos e tem dificuldades para ver em claridades.

Depois, conforme explica a médica veterinária, surgem despigmentações da pele, nariz, lábios, pálpebras, do escroto e dos coxins. Podem surgir também eritemas (vermelhidão na pele), eroões e crostas, quando o animal é exposto à luz solar. Para o diagnóstico, Gabriella Queiroz diz ser necessário descartar outras possíveis doenças de pele semelhantes, fazer uma biopsia da parte lesionada e o exame histopatológico.

Uso de corticoideNo caso do Akita Kiodai, foram verificados diversos desses sintomas, conforme atestou a médica. Ela conta que o animal já apresentou alto grau de inflamação nos olhos, o que impossibilitou a dilatação das pupilas para exame do fundo do olho.

O tratamento da síndrome consiste em altas dosagens de corticoide, tanto por via oral, com a utilização de comprimidos, como por meio tópico, com a aplicação de colírio.

A veterinária diz que o tratamento pode ser para a vida toda do cão, mas há casos em que o quadro de inflamação é reversível, possibilitando uma frequência diferenciada no uso dos medicamentos.

É possível um diagnóstico precoce, o que permite um maior controle da doença, evitando a cegueira do cão. No entanto, muitas vezes, quando o animal manifesta a inflamação, a síndrome já está em alto grau. Para todos os casos, é essencial o acompanhamento de um veterinário especializado em Oftalmologia. "Este acompanhamento pode prevenir muitos males na visão", afirma ela. A veterinária adianta que o Centro de Cuidado Animal está aberto para esclarecer as possíveis dúvidas de criadores sobre esta síndrome canina.

MAIS INFORMAÇÕES Centro de Cuidado Animal Dra. Andrea Melo, Av. Engo. Santana Júnior, 1915 - (85) 3091.9012 - Fortaleza (CE)
Criadora Vólia Castelar, (85) 3254.0017
regional@diariodonordeste.com.br

Valéria FeitosaEditora

Blog do Johnnyon

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