sexta-feira, 10 de junho de 2011

Deficiente visual de Catanduva é primeira pessoa a receber cão guia como doação de ONG




Estudante do quinto ano de psicologia, 27 anos de idade, olhos claros, tem namorado, amigos e família. Tudo dentro da rotina normal de um universitário. Mas, o que torna Camilla Corrêa Fernandes especial é o fato de ela fazer todas suas atividades enfrentando a deficiência visual. Aos 20 anos, em razão de um estado avançado de diabetes, ela perdeu a visão. “Tive de parar o curso de engenharia química em Ribeirão Preto, estava no terceiro ano”.
Desde que ficou com deficiência visual, readaptação é a palavra que a jovem mais vive atualmente. E mais uma vez Camilla irá se readaptar em seu cotidiano. Ela é a primeira pessoa a receber a doação de um cão-guia no estado.

Com o cão, uma fêmea da raça labrador, será a primeira vez que ela sairá sozinha pelas ruas. Camilla só anda acompanhada de familiares, amigos ou o namorado, mas, tem de contar com a disposição de tempo de cada um. “Minha mãe, meu irmão e meu namorado trabalham e nem sempre posso contar com meus amigos”, diz. "Quero muito essa liberdade".
A única vez que a jovem saiu de casa sozinha foi com uma bengala, tradicional no uso para cegos. “Eu quis sair sozinha para dar uma volta. Estava chovendo. Quando percebi, minha avó estava atrás de mim para me proteger. Não uso bengala porque tenho medo. Com o cachorro me acompanhando isso vai melhorar”.
O labrador vai acompanhar a estudante em todos os estabelecimentos e lugares de Catanduva. O coordenador de inclusão social, Francisco Rodrigues Neto, que tinha Camilla no projeto Incorporando as Diferenças, já preparou psicologicamente a estudante. “O cão será novidade na cidade e muitas pessoas irão comentar. Já falei pra ela para não ficar chateada, caso algum estabelecimento não aceite a entrada dela com o animal. Até a população se acostumar vai levar um tempo”, fala.
O coordenador diz que ficou sabendo do cão através de um e-mail do comandante Helio Montane Carlos da Guarda Civil Municipal sobre a doação. "Entrei em contato com a ONG Vida de Bicho, em São Paulo, e o pessoal de lá achou fascinante a história dela".
Com o intesse pelo caso de Camilla, apresentado por Neto, foi a hora de a ONG entrar na história. “A Camilla sempre teve muita vontade de ter um cão-guia e a mãe dela era empenhada em achar um”, diz Neto. O coordenador teve de entrar em negociação com Dantas para receber a cachorra e atender os requisitos necessários. Um dos fatores para a vinda é a contratação de um adestrador.  
Nervosa, a estudante conta que está preparada para viver com o auxilio da cachorra. “Pretendo colocar o nome dela de Pandora”. O nome tem um significado especial para Camilla. “De acordo com a história, quando você abre a caixa de Pandora, todos os sentimentos negativos pulam e o último e único bom que sobra é a esperança. Para mim, ela será a minha esperança”.
Blog do Johnnyon

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